Remodelação dos campeonatos vão tornar o Futsal regional mais competitivo
A criação, a partir da próxima época, de uma primeira e uma segunda divisão nos campeonatos seniores de futsal vai tornar a modalidade mais competitiva e mais interessante. A opinião é do coordenador da associação, Bruno Fuzeiro, que reconhece problemas ao nível da arbitragem e da formação, mas está confiante na melhoria do futsal regional.
A falta de árbitros é o principal problema do futsal no distrito de Santarém. Todas as semanas há jogos que não têm árbitro nomeado e apesar dos cursos de arbitragem que a Associação de Futebol de Santarém (AFS) tem promovido, o número de candidatos não é suficiente para acabar de vez com este problema. Algo que deixa o coordenador do futsal da associação bastante preocupado, sobretudo quando vê que mesmo os que existem acabam por desistir.
“Além de termos poucos, os que há são maltratados em muitos sítios e depois acabam por desistir e temos aqui a pescadinha com rabo na boca, em que todos se queixam e ninguém tem toda a razão”, refere o dirigente que salienta ainda os casos em que o árbitro é nomeado mas não aparece. “As pessoas têm de ter consciência que os árbitros ainda estão a aprender porque o futsal é uma modalidade recentemente jovem. Mas muitas vezes as pessoas criticam os árbitros quando eles têm razão e o público, os jogadores e dirigentes é que por vezes desconhecem as regras”, acrescenta.
O facto das equipas campeãs distritais subirem num ano e descerem na época seguinte é outra das questões que mais preocupa o dirigente. Em sua opinião as razões desta dificuldade de afirmação têm a ver com o facto do campeonato ser pouco competitivo, com as melhores equipas a golearem as mais fracas, algo que não acontece no campeonato nacional, em que muitos jogos se decidem pela margem mínima. “Este ano temos o Sporting de Tomar no campeonato nacional e tem perdido muitos jogos por um golo de diferença. Estive a falar com um director que me disse que já por mais de uma vez estiveram a ganhar por dois golos quase no fim do jogo e acabaram por não ganhar. Isso é falta de experiência derivada de um campeonato menos competitivo”, analisa.
Bruno Fuzeiro não tem dúvidas que as alterações no figurino dos campeonatos a partir da próxima época, com a separação das equipas por duas divisões, vai aumentar a nível qualitativo e competitivo dois campeonatos. “Actualmente temos quatro-cinco equipas em cada uma das duas zonas que são muito fortes e têm condições para discutir o título. A partir da próxima época vão estar todas juntas e a competitividade será muito maior”, refere o coordenador do futsal da associação, que acredita que assim as equipas ficarão melhor preparadas para disputar o campeonato nacional e evitar o constante sobe e desce.
Uma das vertentes que o coordenador do futsal da AFS pretende desenvolver é a da formação. A ideia de obrigar os clubes da primeira divisão a terem uma equipa de formação, à semelhança do que acontece com o futebol, já foi várias vezes abordada mas muitos clubes dizem que se assim for não têm condições para se manter na modalidade. “Temos de arranjar aqui uma fórmula mágica para ultrapassar a questão mas não é fácil”, afirma o dirigente, que no entanto está consciente que é preciso dar condições aos mais jovens.
“O ideal nisto tudo seria os clubes inscreverem as equipas e os jogadores e não pagarem nada. Mas isso é impossível. Estamos a fazer contactos para na próxima época conseguirmos dar incentivos a quem inscrever uma equipa de juniores para que daqui a uma época ou duas possamos ter mais equipas. Para mim o desporto escolar tem aqui um papel importantíssimo. Os professores podem perfeitamente organizar e treinar equipas durante a semana e depois essas mesmas equipas alinharem por algum clube. Temos o exemplo do Centro de Estudos de Fátima em que os professores de educação física são os treinadores da equipa”, recorda Bruno Fuzeiro, adiantando que a associação está disponível a colaborar neste processo.
O coordenador do futsal da AFS destaca o papel dos dirigentes, que, muitas vezes a expensas próprias e sacrificando a vida pessoal, perdem horas e dinheiro para os atletas terem as melhores condições possíveis para praticarem desporto. O aparecimento de jovens no dirigismo é um sinal positivo mas são precisos mais apoios das autarquias e das empresas.
Futsal Feminino evoluiu consideravelmente
O Torneio de Sub 19, que se realizou em Janeiro em vários pavilhões do distrito, foi um marco na evolução do futsal feminino no distrito de Santarém. A equipa representativa da região, formada por jogadoras filiadas nas equipas inscritas da Associação de Futebol de Santarém (AFS), terminou no terceiro lugar, ficando apenas atrás de Lisboa e Porto, primeira e segunda classificadas, respectivamente.
Foi o melhor resultado de sempre de uma equipa de futsal feminino da AFS, sendo ainda de registar a boa afluência de público aos jogos. Sinais que para o coordenador do futsal da associação mostram bem o “excelente trabalho” que tem sido feito nos clubes. “Esse trabalho tem permitido criar estas novas atletas e pô-las a jogar bom futsal. As nossas jogadoras já têm um nível qualitativo muito bom em termos de posicionamento e movimentações”, refere Bruno Fuzeiro.
Para o responsável, o facto de as equipas terem obrigatoriamente pelo menos um treinador credenciado foi um passo fundamental para o aumento do nível qualitativo porque aos poucos os “velhos” carolas estão a aumentar os seus conhecimentos ou a serem substituídos por treinadores com conhecimentos não só técnico-tácticos, mas também ao nível do desenvolvimento das capacidades físicas e psicológica.
Analisando o comportamento da equipa no referido torneio, Bruno Fuzeiro destaca mais uma vez o papel dos treinadores, que, em muitos casos, foram eles próprios que trouxeram as atletas aos treinos da selecção distrital. “Conseguiu-se criar um espírito de equipa muito grande e eram quase uma família, cuja amizade se transpôs para os jogos”, avança.
Na próxima época o campeonato feminino vai ser reformulado, com a divisão das equipas por uma primeira e uma segunda divisão, mudança que pretende aumentar a competitividade e atrair mais equipas à modalidade. Actualmente disputam a prova 17 equipas, divididas em duas séries numa única divisão.
Menos positiva foi a prestação da selecção masculina de Sub 19, que terminou a prova no 12 lugar. “Ficámos num grupo muito complicado, pois tínhamos a companhia de Lisboa, Viseu e Castelo Branco, mas o resultado final não é espelho da qualidade dos nossos jogadores e equipa técnica”.
Conteúdos retirados do site: www.omirante.pt
